27 de junho de 2025
Evento aconteceu nos dias 17 e 18 de junho, no Teatro Bradesco, em São Paulo
Nos dias 17 e 18 de junho, o Teatro Bradesco, em São Paulo, foi palco da 15ª Conferência Brasileira de Contabilidade e Auditoria Independente. Promovido pelo Ibracon – Instituto de Auditoria Independente do Brasil, o evento reuniu mais de 1.500 profissionais, reguladores, estudantes e especialistas para discutir o futuro da profissão, diante de transformações tecnológicas, mudanças regulatórias e novas demandas da sociedade.
Na abertura, o presidente do Ibracon, Sebastian Soares, ressaltou a relevância do auditor independente em um contexto de inteligência artificial, ESG e exigência crescente por transparência. “Estamos diante de um momento de virada. Nunca a responsabilidade e o papel do auditor foram tão importantes”, afirmou.
O presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), João Pedro Barroso do Nascimento, reforçou esse papel estratégico ao comparar o auditor à “presença do regulador dentro das empresas”. Ele adiantou que, em 2025, a CVM manterá o foco na independência profissional, governança e fortalecimento dos controles internos.
Joaquim Bezerra, vice-presidente do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), destacou o protagonismo brasileiro no cenário global da contabilidade. “Nosso compromisso é com a uniformidade das normas, a segurança das informações e a credibilidade do mercado”, declarou.
Representando o Banco Central, Uverlan Primo, chefe adjunto do Departamento de Regulação do Sistema Financeiro, apresentou diretrizes da agenda regulatória, com ênfase em políticas de governança da informação e exigências de qualidade nas divulgações relacionadas à sustentabilidade.
Painéis técnicos abordaram a contabilidade como elo entre responsabilidade fiscal, regulação e confiança institucional. O economista Carlos Kawall participou do debate e defendeu maior integração entre os aspectos econômicos e a qualidade das informações contábeis.
A pauta ESG também permeou a programação. Ana Tércia Rodrigues, vice-presidente técnica do CFC, reforçou que não há ESG sem confiabilidade, e que essa confiabilidade depende diretamente de profissionais bem preparados e normas consistentes.
Gabriela Figueiredo Dias, presidente do International Ethics Standards Board for Accountants (IESBA), apresentou o novo padrão IESSA, voltado à ética na asseguração das informações de sustentabilidade. Para ela, a ética não é opcional. “É o alicerce da confiança pública”, afirmou.
Em seguida, especialistas internacionais reforçaram o papel do Brasil na liderança global do processo de implementação das normas internacionais de sustentabilidade. Eduardo Flores (CBPS), Neil Stewart (IFRS Foundation) e Tadeu Cendon (IASB) destacaram a importância da integração entre relatórios financeiros e de sustentabilidade.
O primeiro dia foi encerrado com o painel “Líderes: Perspectivas Futuras da Auditoria”, que reuniu nomes como Carlos Pires (KPMG), Fábio Cajazeira (PwC) e Angela Alonso (Alonso Barretto & Cia). O debate abordou os desafios do auditor frente à transformação digital, às exigências ESG e às novas responsabilidades da profissão.
O segundo dia da conferência foi marcado por inovação. A final do Hackathon do Ibracon reuniu cinco projetos desenvolvidos por universidades de diferentes regiões do país. A competição teve duração de dez meses e contou com mais de 80 participantes envolvidos na criação de soluções tecnológicas para a profissão contábil.
O primeiro lugar ficou com a equipe da FECAP, criadora do Zeus Lightning – sistema baseado em inteligência artificial para análise inteligente de relatórios de sustentabilidade, alinhado aos padrões IFRS. A Fipecafi ficou em segundo lugar com o projeto Greencheck, voltado à verificação automatizada de dados ESG.
Também foram finalistas os projetos AuditorIA (UFSC), Audite.me (UNIFAP) e ESG Confiance (UNIFAJ), que apresentaram soluções inovadoras para modernizar o processo de asseguração e verificação de dados não financeiros.
“O Hackathon mostra como a tecnologia pode caminhar junto da formação técnica para transformar a auditoria do futuro”, afirmou Sebastian Soares. “A maturidade dos projetos e o entusiasmo dos participantes mostram que estamos no caminho certo.”
Outro painel relevante do dia discutiu o uso da inteligência artificial na auditoria das demonstrações financeiras e na agenda ESG. Gianni Ricciardi, da Fundação Dom Cabral, alertou sobre os riscos da automação sem controle e a necessidade de novas estruturas de governança.
Matheus Zurli, embaixador do Ibracon Jovem, defendeu a formação de auditores com domínio das ferramentas digitais e forte base técnica. Já Adriano Thomé, diretor de Firmas de Auditoria de Pequeno e Médio Portes (FAPMP) do Ibracon, alertou para os limites da confiança cega em sistemas automatizados. “Saber até onde confiar é parte da responsabilidade do auditor”, afirmou.
A importância da auditoria para o fortalecimento de organizações sociais foi discutida em painel com representantes de ONGs. Edu Lyra, fundador da Gerando Falcões, e Caroline Albanesi, da Amigos do Bem, relataram como a auditoria independente transformou a governança e a reputação de suas instituições.
Victor Santana, embaixador do Ibracon Jovem, também participou do painel, reforçando a conexão da profissão com causas sociais.
A programação foi encerrada com o painel sobre governança corporativa, com participações de Mônica Foerster (SMPAG/IFAC), Valéria Café (IBGC) e Viviene Bauer (Ibracon). Todas reforçaram o papel estratégico do auditor para construir ambientes organizacionais mais éticos, responsáveis e sustentáveis.
Durante o evento, o Ibracon também fez homenagens. O ex-presidente Gilson Miguel de Bessa Menezes foi reconhecido por sua contribuição histórica. Ao agradecer, Gilson destacou: “A dificuldade enobrece o homem. Não abandonem nunca essa dificuldade.”
Leia mais sobre o primeiro dia da Conferência, clicando aqui.
Leia mais sobre o segundo dia da Conferência, clicando aqui.
Por Comunicação Ibracon
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