14ª Conferência do Ibracon: Drauzio Varella fala sobre saúde mental e física na Conferência do Ibracon - Ibracon
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14ª Conferência do Ibracon: Drauzio Varella fala sobre saúde mental e física na Conferência do Ibracon

13 de junho de 2024

No painel de encerramento do evento, os palestrantes debateram o tema sob diferentes perspectivas

 A 14ª Conferência Brasileira de Contabilidade e Auditoria Independente do Ibracon – Instituto de Auditoria Independente do Brasil foi encerrada na manhã de quarta-feira (12), com palestras focadas no tema da qualidade de vida, também colocando em perspectiva as demandas profissionais no mundo de hoje. Com duração de dois dias, realizada em formato híbrido no Teatro Claro Mais, e apresentação da comentarista de Economia do Grupo Bandeirantes, Juliana Rosa, esta foi mais uma bem-sucedida edição do maior e mais importante evento voltado à atividade de Auditoria Independente do País.

O painel “Pessoas como diferencial na Auditoria Independente: uma conversa sobre saúde física e mental” foi aberto com a apresentação de Santiago Luz, membro do Comitê Gestor do Ibracon Jovem, que ressaltou que o grupou tem como principal objetivo divulgar a carreira na Auditoria Independente e trazer novos talentos. “Esses jovens são o futuro da nossa profissão e serão também os futuros sócios das firmas”, disse, ao anunciar o lançamento da publicação “Auditoria Independente: guia da profissão”. Steffany Izidoro, embaixadora do Ibracon Jovem, trouxe mais detalhes do guia, que apresenta os conceitos principais sobre a profissão, mostra o papel fundamental do auditor na sociedade e quais são os requisitos profissionais e éticos relacionados à auditoria. Ela informou que a publicação está disponível gratuitamente no site do Ibracon, esclarecendo que a publicação – assim como o trabalho do Comitê – tem também a intenção de fortalecer o sentimento de pertencimento dos jovens profissionais e, consequentemente, reter talentos, além de trazer mais informações sobre a profissão. “Nos deparamos, muitas vezes, com  entendimentos equivocados sobre o papel do auditor. É uma material didático, bem fácil de entender e ao mesmo dinâmico, contendo hiperlinks que permitem agregar ainda mais conhecimentos. Recomendo que vocês divulguem, inclusive para aqueles que ainda não decidiram qual profissão seguir”, declarou a embaixadora do Comitê.

Sobre vida, saúde e comportamento

Como traduzir em poucas palavras a riqueza de conhecimentos transmitidos em pouco mais de 30 minutos, na palestra apresentada pelo médico e pesquisador Dráuzio Varella? O melhor que é possível fazer é sintetizar que sua fala foi muito além do tema que é sua principal especialidade, a saúde. Com a grande habilidade comunicativa que detém, Varella passou por questões e aflições que afetam a moderna sociedade, como as angústias que a tecnologia, principalmente as mídias sociais, trazem para o nosso dia a dia. Estamos cada vez mais pressionados a estar alertas e “presentes” (no caso, digitalmente), seja no trabalho ou nas nossas relações pessoais. “Antes do celular, nesses momentos que tínhamos de tranquilidade, se deslocando de um lugar para o outro, você ouvia uma música no rádio do carro. Agora, estamos o tempo inteiro com um olho no trânsito e outro no celular, cuja tela é uma invenção demoníaca”, disse, em uma bem-humorada crítica.

Varella conduziu o tema para as implicações do alto uso de tecnologia em nossa concentração. “Quando você está envolvido em muitas atividades, começa a congestionar sua memória”, declarou, citando experiências realizadas com adolescentes que mostram como funciona a atenção com ou sem o celular ligado durante uma determinada atividade. “Passamos a viver em um mundo que tem uma quantidade de estímulos muito grande e, ao mesmo tempo, vem acontecendo transformações sociais que modificaram completamente o jeito em que se vivia no passado”.

Com uma grande habilidade de citar referências históricas para fazer comparações com a sociedade atual, o médico também chamou a atenção sobre outros males que a tecnologia traz para o nosso cotidiano, como a solidão. “Estamos isolados e vamos ficar cada vez mais isolados. Descendemos de pessoas que souberam formar grupos em busca de meios de sobrevivência. Nós estamos levando uma vida cada vez mais fechada, estamos mais presos e trabalhando num sistema que é muito competitivo”, disse, aproveitando o gancho para abordar questões conjunturais que nos colocam nesse cenário de alta pressão por resultados, e que não dependem de nosso desempenho, por mais que nosso trabalho alcance as metas das empresas.

Outro aspecto abordado por Varella foi a saúde física. “Cuidar do corpo não é fazer botox para tirar rugas na testa. Precisamos manter nosso corpo funcionando da maneira para qual ele foi planejado. É uma máquina que foi desenhada para o movimento e se você ficar parado o tempo todo não vai dar certo, claro”, disse o médico, que participa de maratonas há anos. A recomendação subentendida nas palavras do especialista, é para planejarmos nossas rotinas de modo a deixar sempre um espaço para a atividade física, algo que, a despeito das dificuldades da vida atribulada, sempre é possível, desde que façamos algum tipo de renúncia, por exemplo, deixar de lado a navegação inútil no celular. “Algumas fases da vida são difíceis mesmo. Essas fase em que as crianças são pequenas e não nos sobra tempo para incorporar a atividade física na rotina, por exemplo. Mas sempre é possível fazer opções, por exemplo, não usar a escada rolante do shopping e preferir a comum”, recomendou. Não ficaram de fora da fala de Varella, as recomendações sobre alimentação saudável e a derrubada de mitos em que acreditam aqueles que buscam reduzir o peso ou equilibrar o organismo, prevenindo doenças.

Por fim, Varella abordou aspectos da saúde mental. “Chegamos no seguinte ponto:

nosso trabalho é estressante, mas não podemos deixar esse fato agir de uma forma devastadora sobre a nossa saúde mental ou física. Defendo que cada um tem que encontrar o seu caminho para o equilíbrio”, concluiu, recomendando que é necessário também que as empresas assumam a responsabilidade que têm para criar ambientes mais receptivos e saudáveis.

Novos tempos, novas demandas

O painel teve continuidade com a apresentação Luciene Magalhães, coordenadora do Comitê de Diversidade e Inclusão do Ibracon, que aproveitou alguns ganchos da palestra de Drauzio Varella para também tocar na questão da saúde mental x pressões no trabalho.  Ela ressaltou a necessidade de as empresas começaram a aperfeiçoar o olhar sobre as individualidades da força de trabalho. Nesse aspecto, entraram tópicos como jornadas mais flexíveis de trabalho, como o short Friday, que vem sendo adotado na Europa. Segundo ela, também é preciso começar a pensar em outras formas de equilibrar o cumprimento de metas com a manutenção de um ambiente de trabalho cada vez mais diverso em muitos aspectos. “Existem várias possibilidades para as empresas, não necessariamente com muito dinheiro, mas com informação e dados, trabalharem para que o ambiente corporativo te impulsione e que você seja motivado  a fazer o seu melhor”, declarou.

Encerrando o painel Denilza Portela, sócia de auditoria e champion de capital humano em Firma de Auditoria, abordou a questão da saúde mental do ponto de vista das diferenças entre as gerações. “Temos quatro gerações trabalhando juntas dentro de uma firma, os baby boomers, a geração X, os millenials e a geração Z. E cada uma delas têm visões diferentes sobre trabalho e comportamentos sociais”. A questão é como trabalhar essas diferentes dimensões e necessidades de cada um? Segundo Portela, a estratégia empresarial tem que começar a pensar mais no propósito da organização e como fazer os profissionais serem motivados a “pertencer” a este propósito. “Temos que desconstruir muitas certezas. O mundo mudou, ainda que lá atrás, no passado, já existisse excesso de informação. Já existiam desafios, mas é claro que hoje tudo é ainda mais dinâmico. Cabe a nós, como líderes, repensar o nosso propósito. Para que o nosso profissional entregue um trabalho de qualidade,  ele tem que estar bem não apenas tecnicamente, mas principalmente no aspecto psicológico, declarou.

A programação da 14ª Conferência Brasileira de Contabilidade e Auditoria Independente do Ibracon foi totalmente baseada nas Bandeiras da Auditoria Independente: Relevância da Auditoria Independente para o mercado e a sociedade, Tecnologia como aliada da Auditoria de alta qualidade, Pessoas como diferencial, Fortalecimento da cultura de diversidade e inclusão, Atividade baseada no desenvolvimento continuado e Atividade como agente de mudanças. O evento é o maior e mais importante evento voltado à atividade de Auditoria Independente do País.

Por Comunicação Ibracon