ESG Day destaca protagonismo do Brasil na adoção das normas internacionais de sustentabilidade - Ibracon
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ESG Day destaca protagonismo do Brasil na adoção das normas internacionais de sustentabilidade

7 de novembro de 2025

Evento aconteceu no formato online, no último dia 05

O Ibracon – Instituto de Auditoria Independente do Brasil promoveu, no último dia 05, o ESG Day, evento dedicado a debater os principais avanços, desafios e compromissos do país na agenda de sustentabilidade.

O encontro reuniu representantes de órgãos reguladores, empresas e especialistas nacionais e internacionais para discutir o papel do Brasil na adoção das normas internacionais de sustentabilidade emitidas pelo International Sustainability Standards Board (ISSB).

Sustentabilidade como construção coletiva

Na abertura do evento, o presidente do Ibracon, Sebastian Soares, destacou a importância do trabalho conjunto entre instituições para o avanço da agenda ESG no Brasil.

“A agenda de sustentabilidade no Brasil é uma construção coletiva: reguladores, preparadores, auditores e academia estão trabalhando juntos. O país é o primeiro no mundo a tornar obrigatória a adoção das normas financeiras de sustentabilidade e o primeiro a ter uma norma contábil específica para contabilização de carbono. Essa é uma agenda sem regresso, que vai definir o Brasil como protagonista no cenário global”, afirmou.

O Superintendente Geral e ex-Procurador-Chefe da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Alexandre Pinheiro dos Santos, ressaltou o momento de consolidação e responsabilidade que marca a nova fase da regulação.

“Estamos entrando na fase obrigatória das normas financeiras de sustentabilidade para companhias abertas. É hora de olhar com profundidade para dados, processos, capacitação e a relação entre contadores e auditores, para que o Brasil entregue informações coesas, consistentes e comparáveis ao mercado.”

Para Ana Tércia, Vice-Presidente Técnica do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), o compromisso do país com as normas do ISSB reforça a relevância da classe contábil no processo.

“Nenhuma adversidade vai nos travar neste momento em que o Brasil se destaca pela ousadia de adotar as normas IFRS S1 e S2. Chegamos ao fim de 2025 muito vivos com essa temática, com uma classe contábil cada vez mais envolvida e consciente do seu papel na agenda da sustentabilidade.”

O coordenador executivo da Comissão de Auditoria e Normas Contábeis da Abrasca, Sergio Trindade, lembrou a evolução do tema nas últimas décadas.

“No início dos anos 2000, quando começamos a falar dessas questões sociais nas empresas, havia muita resistência. Muita gente dizia: ‘investimento social é gasto’. Mas o tempo mostrou o contrário — hoje os investidores pedem essas informações.”

Transformações em curso

O primeiro painel do evento, “Transformações em Curso: vivências na adoção das normas internacionais de sustentabilidade”, trouxe experiências práticas de empresas e auditores na implementação das novas normas.

Reinaldo Oliari, coordenador do GT Sustentabilidade e ESG do Ibracon, apresentou resultados de pesquisa realizada pelo Instituto. “Em 2025, 77% das companhias de capital aberto têm algum tipo de relatório de sustentabilidade, e 74% deles são assegurados por auditores independentes registrados na CVM. Isso mostra a decisão do mercado em buscar relatórios com asseguração limitada.”

O CFO da Irani, Odivan Cargnin, destacou a importância da coerência entre propósito e resultado. “O grande desafio das empresas é fazer bem feito: cuidar de forma adequada das questões socioambientais e, ao fazer isso, entregar retorno aos investidores. Sustentabilidade é parte da gestão dos negócios.”

Na Renner, a adoção antecipada das normas impulsionou a integração entre áreas. “Antes, o time de sustentabilidade não estava tão próximo da Controladoria. O processo trouxe alinhamento e entendimento de riscos que reverberaram em toda a companhia”, contou Amanda Freitas, especialista em Sustentabilidade.

Para Helena Hermeto, da Vale, o tema ESG está intrinsecamente ligado à estratégia corporativa. “Não há dissociação entre o planejamento estratégico do negócio e o clima. O desafio é entender como esses fatores têm sinergia.”

Alexsandro Tavares, também da Renner, reforçou a importância da ação concreta. “A sustentabilidade não é um mero relatório. É compromisso e responsabilidade — e também um diferencial competitivo.”

Já Letícia Ferreira Rodrigues, da Vale, destacou o papel colaborativo dos auditores no processo de aprendizado. “O auditor pode ser um parceiro nesse momento de construção. Antecipar discussões e abrir espaço para dúvidas enriquece o processo e melhora a qualidade das informações.”

Referências internacionais e tendências

O segundo painel, “Horizontes Globais ESG: referências internacionais e tendências”, ampliou o debate para o cenário global, reunindo representantes de organismos internacionais e instituições de referência.

Jeff Hales, membro do International Sustainability Standards Board (ISSB), destacou o protagonismo do Brasil no cenário internacional. “Desde que as normas foram publicadas, cerca de 40 jurisdições já avançaram em sua adoção, e o Brasil está entre as que lideram esse movimento. É um sinal muito positivo de convergência global.”

Para Andrea Pradilla, diretora da GRI América Latina, a interoperabilidade é um elemento essencial para a consistência das informações. “Ela permitirá que as empresas traduzam impactos em riscos e oportunidades financeiras, algo que o mercado e a sociedade estão exigindo. Nosso compromisso é com uma linguagem global para a sustentabilidade, mas que fale com o sotaque de cada país.”

Leandro Ardito, coordenador de Relações Internacionais do Comitê Brasileiro de Pronunciamentos de Sustentabilidade (CBPS), ressaltou o papel das instituições nacionais. “A CVM, o CFC e o Bacen tiveram um papel fundamental de liderança, protagonismo e pioneirismo na implementação dessa agenda no Brasil.”

Encerrando o painel, Charles Abela, do Value Research Center, defendeu a inclusão do tema na formação acadêmica. “As escolas de negócios têm um papel enorme. Precisamos formar profissionais que compreendam que riscos ESG também têm efeitos financeiros.”

Compromisso contínuo com a agenda ESG

O ESG Day é uma iniciativa do Grupo de Trabalho (GT) Sustentabilidade e ESG do Ibracon e surge como um spin-off do ESG Week, evento já consolidado do Instituto. Com foco na disseminação de conhecimento técnico, o encontro reforça o compromisso do Ibracon com o fortalecimento da agenda ESG e com o papel da auditoria independente na promoção da transparência e da confiança do mercado.

O evento está em processo de credenciamento para o Programa de Educação Profissional Continuada (PEPC) do Conselho Federal de Contabilidade (CFC).

Clique aqui para assistir ao evento.

Por Comunicação Ibracon