19 de junho de 2025
Evento destacou projetos de tecnologia aplicados à auditoria e ESG, papel das ONGs na transformação social e a importância da transparência nas organizações
O segundo dia da 15ª Conferência Brasileira de Contabilidade e Auditoria Independente, promovida pelo Ibracon – Instituto de Auditoria Independente do Brasil, reforçou o protagonismo da auditoria no avanço da inovação, da inclusão social e da governança ética. O destaque da manhã foi a final da 3ª edição do Hackathon do Ibracon, competição que envolveu mais de 80 participantes ao longo de dez meses de desenvolvimento de soluções para a profissão contábil.
Neste ano, o Hackathon teve como foco a criação de tecnologias aplicadas à auditoria e à verificação de dados ESG, com base em inteligência artificial e automação. Nove instituições participaram da etapa de mentoria, com mais de 40 encontros com especialistas do setor. Ao todo, cinco projetos foram selecionados para a final, com apresentações ao vivo durante a conferência.
O primeiro lugar ficou com a equipe da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP), criadora do Zeus Lightning — um ecossistema de IA para tratamento inteligente de relatórios de sustentabilidade, aderente aos padrões IFRS. O segundo lugar foi da equipe Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi), com o projeto Greencheck, voltado à verificação automatizada de dados ESG.
Também se destacaram as propostas da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), com o AuditorIA; a, Universidade Federal do Amapá (UNIFAP), com o projeto Audite.me, e a Centro Universitário de Jaguariúna (UNIFAJ), com o sistema ESG Confiance, cada uma oferecendo abordagens distintas para modernizar processos de asseguração e análise de sustentabilidade.
“O Hackathon é um exemplo de como a tecnologia e a formação técnica podem caminhar juntas para transformar a auditoria do futuro”, afirmou o presidente do Ibracon, Sebastian Soares. “É inspirador ver o nível de inovação e a maturidade dos projetos apresentados por jovens de todo o Brasil.”
Em seguida, o painel sobre o uso da inteligência artificial nas demonstrações financeiras e na agenda ESG abordou riscos e desafios da automação. Gianni Ricciardi, especialista da Fundação Dom Cabral, destacou que a IA rompe estruturas tradicionais de controle interno, exigindo novas práticas de governança. “A automação diminui níveis hierárquicos e redefine papéis, o que torna essencial reforçar o cuidado com a proteção dos dados e a segurança das decisões”, alertou.
Representando o Ibracon Jovem, Matheus Zurli defendeu a formação de profissionais com conhecimento técnico e domínio das ferramentas digitais. “Interpretar dados, validar fontes e liderar com responsabilidade são competências essenciais para o auditor do futuro”, disse. Já Adriano Thomé, diretor do Ibracon, alertou sobre os limites da confiança nos dados gerados por IA. “É preciso saber até onde podemos ir e até onde devemos confiar nos sistemas”, afirmou.
Transparência transforma impacto social – A tarde começou com um painel sobre o papel da auditoria na consolidação de projetos sociais. Representantes de grandes ONGs compartilharam experiências sobre como a adoção de auditoria independente impactou suas práticas de gestão, prestação de contas e captação de recursos.
“Olhamos para o social porque tem tudo a ver com o que acreditamos. A auditoria independente é, de fato, transformadora. Por isso decidimos debater e trazer tantas histórias e ONGs espetaculares”, destacou Sebastian Soares, presidente do Ibracon, ao abrir o painel.
Edu Lyra, fundador da Gerando Falcões, afirmou que a transparência obtida com a auditoria permitiu à organização estruturar processos, gerar confiança e influenciar positivamente outras instituições. “Viramos referência. Outras ONGs passaram a buscar auditoria localmente ao verem nosso exemplo”, contou.
Caroline Albanesi, da Amigos do Bem, reforçou que “auditoria é um divisor de águas”, e destacou que crescer com propósito exige governança. “A educação é o único caminho para a mudança, e isso exige paciência, confiança e responsabilidade com cada número.”
O painel também deu voz aos jovens profissionais. Vitor Santana, do Ibracon Jovem, defendeu que a profissão precisa dialogar com as novas gerações e aproximar-se das causas sociais. “Vamos tornar a auditoria mais acolhedora, mais próxima das pessoas. Isso é o que transforma”, disse.
Encerrando o dia, o painel “Auditoria Independente e Governança Corporativa: um compromisso com a transparência e a sustentabilidade” reuniu especialistas que reforçaram o papel da profissão na construção de ambientes organizacionais éticos e sustentáveis.
Mônica Foerster, presidente do SMPAG/IFAC, lembrou que o trabalho do auditor independente é essencial, mesmo em pequenas e médias empresas. “O mais importante não é a complexidade, mas a consistência na aplicação e comunicação das informações”, afirmou.
Para Valéria Café, diretora-geral do IBGC, a auditoria é uma fonte estratégica de informação para os comitês e conselhos. “O olhar externo da auditoria orienta o comitê sobre onde agir para fortalecer os processos internos e as linhas de defesa.”
Viviene Bauer, coordenadora do Comitê de Normas de Auditoria do Ibracon, reforçou a necessidade de conhecer a estrutura organizacional a fundo para desenhar bem o trabalho e comunicar os riscos com clareza. “A norma técnica é só o começo. Entender os papéis internos é essencial para uma atuação efetiva.”
Por Comunicação Ibracon
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